Estou á deriva em algum lugar do oceano, prezo entre rochas e destroços. Tento me levantar. Caminho com dificuldade sozinho, estou imundo. Sinto que estou ferido, procuro e não encontro nada de errado. Como poderia eu ser o cúmplice do meu próprio naufrágio? Por qual razão me vejo prezo dentro de mim?
Sou o meu próprio prisioneiro. Travo-me, tranco-me, e não saiu nem sob fiança. Sou o carcereiro malvado, o advogado ganancioso, o delegado subornado. Sou meu próprio inimigo. Finjo, sinto e nego. A dor, o desejo, a raiva e a culpa servem como algum tipo de "salva-vidas", a qual me apego, e assim sinto-me seguro.
Ninguém conseguiria sozinho abraçar o sol. Por isso prefiro você aqui, mesmo que você não compreenda minhas manias estranhas, e o meu jeito complicado de dormir sem jeito. Ao infinito segue-se um infinito maior.
O universo cabe em minha mente quadrada, e isso é só uma parte do que permanece fora, e esse é o meu limite, não do que vejo.
Sou o espaço entre a cabeça e os pés, a soma de dois gestos, as duas faces de uma mesma moeda.
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
- O lado perdido.
Entre linhas superficiais e tortas eu fui rabiscando o que seria o meu presente, e ignorei a possibilidade de um futuro real e seguro, e incrivelmente me vejo no futuro em branco que escrevi com uma caneta transparente. A linha imaginaria feita por um homem cego. Quando transcende a gente esquece-se de si próprio e o futuro não parece tão seguro ser estar perto de quem se ama. Entre a loucura e a solidão, eu fico com uma terceira e não abro mão do amor.
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
- Tv desligada.
Porra, volta à fita! Quero ver onde eu fiquei vagando, ver onde realmente eu deixei de me importar, ver aonde foi que perdi o controle e dormi no ponto. Quero ver em qual cena tudo se perdeu. "Não moça, não adianta isso não!" Sei o que realmente importa, mas acho que se realmente eu soubesse, não diria isso assim tão estranhamente como penso. Afinal de contas, não existe algo mais confuso do que eu. A vida tá vindo e pede passagem e as veze até “com licença”, mas não deixa o espaço para novos contatos significativos. Eu queria um tempo pra mim, sabe, eu queria um tempo só meu, o tempo do eu-no-controle. Quero decidir realmente o que vou fazer daqui alguns segundos, ou por uma vida toda. "Odeio ter que ver a parte de perde o controle da situação". "Pula essa e põe na próxima". Odeio ter que fingir que sei o que se passa. "Não faça isso não! Não desliga não moça! Quero ver a próxima cena." Quero ver até onde eu fui ou parei de ir. - "Eu sei, eu vi, há a essas horas os bares já não serão suficientemente o bastante pra quem se fecha numa casca de concreto e imagina canções que a realidade devora". Se o destino aparecer hoje e quiser pagar a prazo, já deixo avisado que hoje não é um bom dia e que eu estou a um ponto de explodir. Estou tão puto que nem se chuto o balde, ou se lanço fora o que me corrompe. E quando a gente sente o amor com fragmentos de ódio, à última coisa que queremos é implorar pra pessoa ficar. E se você for eu não ligo não, corto o fio do telefone se preciso. Quero ficar comigo sozinho nessa sala abafada pelas ânsias dos seus loucos desejos. Quero calar a alma, e deixar voltar o ar puro que os dias falando e falando tiraram fora desse espaço. Eu fico comigo, fico assim, sozinho. É tão melhor. Se houver algo melhor e mais interessante além de mim, não me interessa nenhum pouco saber. Quando acontecem certas coisas na vida, seria melhor estar no dia seguinte, ou ter nascido morto. E se as palavras breves são as melhores, então elas podem salva a alma do assassino. Podem fazer da terra nascer novos tipos de amores. E as chuvas que terei serão as melhores nos dias de calor. "Não faça isso! Não desliga não moça!", "E sim, vem pra cá, e se aconchega por que as próximas cenas dessa vida prometem". E se nada acontecer, é porque promessas não são confiáveis entre pessoas que ainda acreditam em algo melhor.
- O lado frágil.
Há entre dois corpos, entre dois silêncios, entre duas pedras, uma distância antiga, um olho de fera que desenha o relâmpago. O universo viaja dentro desse sorriso e projeta em nós um novo sonho. A realidade não são as estrelas, mas os lugares vazios entre elas; a realidade não é o globo que gira em nós, mas o que está fora desse globo. Essa linha por onde se desloca cada dia nossa sombra, esse lugar que recolhe nossas emoções e silêncios, esse credo que não percebemos e que nos oprime, essa mutação sem saída. Há entre dois corpos uma chama, um sopro de Deus, um fogo que arde para o interior, uma carícia que cria uma lágrima, um medo que assusta a si mesmo, um manicômio repleto de flores, uma vida que queria ser inventada, algo que inquieta a alma e abre o abismo. Há entre duas almas uma folha seca caída de uma árvore sem vida, um mar de cristal, um crime perfeito, um segredo entre dois anjos. Enquanto a neblina se afasta consigo ver o que está ali, um doce sorriso tirado dos céus, um pecado sem deus. O presente que a morte me trouxe. Agora são nove e vinte de uma noite de terça-feira e o seu rosto é branco, o sorriso que se desenha nesse rosto pode enlouquecer e também salvar á vitima e amanhecer uma vida repleta de céus infinitos. Que eu nasça desse enigma e que morra sempre nesse sorriso.
- O tempo.
Dos discos, filmes e livros que eu queria ter. Nenhum deles faz tanto sentido hoje em dia. De um sopro de vida, que determinou que essa alma aqui não me coubesse nem um centímetro em mim, e que ao mesmo tempo ele deixasse um espaço aberto para ter essa alma. A inspiração me foi roubada e parece estar mais fácil de acha-la num copo de vodca ou numa caminhada noturna. Menos dentro de mim. Meu corpo quer fazer uma ligação entre o que realmente sou e o que eu realmente gostaria de ser. O problema é que a noite sempre acaba com os meus velhos sonhos e determina que eu viva na realidade do amanhã.
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
- Ca(su) lo.
Noite fria e cadeira cinza. Mas tudo bem. Fico bem aqui. Divagando entre tudo, nesse quase nada de ir além. Os ponteiros desse relógio, que passeia leve, como algumas memórias minhas que ainda não foram apagadas por poucos, mas ruins dias de tormenta.
Minha mente pulsa, me adverte, me pune. As horas fazem da vida, uma linha reta, mal traçada, uma contínua régua, onde tudo pode ser medido do ponto de vista de quem tem poder. O tempo não é limite, o limite vai, além disso, nada é pra sempre. E o pra sempre só existe pra mim... E pra mais ninguém.
Dentre todas as falsas, breves e mentirosas promessas que deixei de fazer a mim, uma delas me chamou a atenção hoje: Não poupar o tempo, não poupar nada, aprender a gastá-lo por inteiro, consumi-lo em sumo; mesmo que seja breve, mas que assim se faça eterno. Mesmo que dure dois ou três minutos, só segure entre meus dedos, não largue essa mão meu amor, o inseparável ardor de um capricho adolescente.
Eu posso-te sentir saltando de minha pele, esvaindo pela fumaça cinza da minha alma, você combina com meu humor demodê, minha alegria de falso palhaço. Escute, eu posso ser um tanto entediado ou entediante, mas ainda tenho o ímã, que prende qualquer coisa oposta.
E garota nós não temos nada em comum. Veja, eu sei que vou me machucar, até posso cair mil vezes, mas os amores eternos da minha vida, serão pra sempre eternos, perpétuos, além de qualquer pensamento e fadados a serem lembrados como unânimes, e com você não será diferente, e serei fadado a lembrar do meu ego, do orgulho perdido que ainda tenho essa imagem de uma manhã cinza chumbo, que sumiu de vez do teto estendido entre paisagens, como a fumaça que sai dos carros que desentopem meus sentidos.
Eu vou acreditar no tempo, nas horas, mas não confiar em nada disso. Acredito nos dias, e também não confio neles. Acredito nos amáveis anos, mas não deposito nenhuma confiança minha. Essas passagens me sufocam, traem minha mente e espirito, traem minha louca cabeça que ainda está parada em algum lugar durante o percurso entre cabeça e corpo.
Meu amor, eu travei aqui, uma batalha interminável e creio que sem vencedores, entre eu e eu, o tempo e o tempo. A vida somada ao meu tempo vivendo ou fingindo viver. Veja isso, por que nessa batalha eu até posso não ganhar. Mas entenda que o que realmente importa é que eu nunca pensei em perder.
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