Naqueles primeiros dias de ausência sua, eu me trancava no quarto e cantava com choro algumas músicas das qual você mesmo me ensinou a ouvir. Sentia sua voz saindo pelos cantos daquele quarto sujo. Sua lembrança não deixava o verão entrar. Essa é uma das imagens que as lágrimas desenham: Você observando a todos de longe, e sempre existe amor no seu olhar. Seus olhos de titã bom veem tudo. Esses olhos de segredo de Deus. Meu sonho é um tempo futuro em que nos encontraremos para quebrar vidraças de vizinhos, e jogaremos vídeo game até altas horas bebendo refrigerantes baratos. Você ronda em toda minha vida sem saber ir embora, é como uma doença que nos faz lembrar-se dos momentos bons. Certas noites eu irei abafar gritos no travesseiro e nada o fará voltar, meu amigo.
Agora sou a vitima da eterna meia-noite, o sono já não irá tragar meus medos de criança. Volta e meia os cachorros da vizinhança me perseguem, eles querem grudar na minha solidão. Não sei se o pior foi às mentiras tardias ou as verdades eternas. Mamãe diz que você era o amigo perfeito, e acho que de tão perfeito, o tiraram de perto mim. O ruim é que a distância que você está agora divide não só nossos mundos, mas também os meus sonhos. Sonhávamos com grandes aventuras espaciais e com shows de rock. Sonhávamos com formigas de ouro e com azas de libélulas que os duendes malvados devoravam. Meu sonho agora é um carro novo, uma garota carnuda com bom sexo, e de poder lucrar alguma coisa insignificante nessa vida ínfima.
Causa-me vertigem fechar os olhos todas as noites e amanhecer com o coração transformado em pedra. Talvez eu tenha chances de te ver numa outra dimensão, e quando estivermos juntos, creio que os céus se encherão de relâmpagos de fogo e chuvas de eternidade, e os astros irão romper as leis do universo e das estrelas brotaram novas formas de amanheceres, e não haverá espaços vagos no planeta para sufocar nossas alegrias. Então se ergueram praias siderais e as ausências e perdas serão eliminadas. E assim você pagará o tempo longe que me deve. Correremos por labirintos de alguma mente insana, e apenas haverá sorrisos e cervejas para dividirmos por toda essa eternidade (eternidade essa que será um pouco mais longa) e que em algum dia eu te encontre, e que possamos enfim cantar juntos a nossa musica no silêncio. Que algum dia não haja mais esse nó na minha garganta ao dizer o seu nome.
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